Zazenhos online

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No sábado nos encontramos para meditar e desenhar, desde o frio de Curitiba ao calor de Belém passando por vários bairros paulistanos. Essa possibilidade que a pandemia nos trouxe de nos conectarmos de vários lugares.

Alternando períodos de Zazen com desenhos, cada um pode experimentar o corpo e o olhar, a conexão da mão com o caminho do olhar. Foram alguns exercícios do lado direito cérebro, como desenhar de ponta cabeça e o desenho cego, quando não se olha para o desenho, ue permitiram ir além do “gosto” ou “não gosto”. E também, como que a gente lida com o erro, como que a gente segue em frente. Vale para o desenho, vale para a vida. Como que a gente deixa o ideal de perfeição e aproveita o que temos?

Aqui desenhos e depoimentos dos que participaram:

“Gosto de como ficaram as linhas e detalhes, mas o mais interessante de tudo foi o processo, o prazer de desenhar, sentir, observar e trocar percepções. Dá uma chacoalhada interna quando mudamos a atenção ao desenhar e alternando com o zazen sinto que acessei uma outra camada onde os sentidos acontecem simultaneos mas tem seu espaço de existência, foco. Desenhar é sobre observar e pensar, mas também é sobre sentir com o corpo todo.” Marcela Müller

“Hoje teve ZAZENHOS. Um encontro online conduzido com leveza por @entre_zen. Um pouco de zazen e um pouco de desenhos para praticar a quietude e o ato de olhar, olhar mais um pouco e rabiscar sem vergonha. Valeu demais!” José Bueno

Anotações da nossa conversa feita pelo André Genzo

Mais sobre compaixão •More about compassion

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As.4 afirmações Tibetanas

Continuando o post da semana passada, sobre o treinamento em compaixão, hoje eu vou escrever sobre as 4 afirmações tibetanas. E a recomendação de Norman Fisher é que você leia elas, depois você leia de novo, depois escrevê-las e refletir sobre elas, então fazer um diário sobre suas reflexões e depois então trazê-las para a sua meditação e reservar um tempo para uma reflexão pessoal.

As 4 afirmações são:

  1. A raridade e preciosidade da vida humana
  2. A inevitabilidade absoluta da morte
  3. O poder incrível e inabalável das nossas ações
  4. A inescapabilidade do sofrimento

Eu escrevo essas 4 afirmações e quase sinto que não deveria dizer mais nada, apenas deixar a sua força repercutir. 

Para mim elas implicam um ponto de mudança em seja lá qual for a situação que eu estiver passando, que elas permitem uma nova perspectiva. Lembrar de como é sagrado ter uma vida humana. Que são os seres humanos que tem a capacidade de atingir a iluminação, então não devemos desperdiçar essa vida.

E todos nós vamos morrer, tudo o que nasce, morre. Então como que eu estou vivendo a minha vida sabendo disso? Às vezes, quando eu estou em dúvida entre uma coisa e outra eu gosto de trazer essa reflexão, se eu morresse amanhã, o que eu preferia ter feito hoje?

Aí vem a questão do poder das nossas ações, tudo o que fazemos está interconectado com tudo que existe, e o que fazemos não se apaga, então as nossas ações tem grande poder, como usá-lo?

E por último lembrar que o sofrimento vai acontecer nas nossas vidas, ninguém está imune a ele de uma maneira ou outra, seja uma doença, a perda de alguém, o fim de um relacionamento, enfim, o sofrimento faz parte da vida.

Para mim essas reflexões me fazem voltar e pensar sempre sobre o que é importante, qual a maneira que eu quero viver a minha vida. E nesse caso esse próprio blog é uma resposta para isso. Quantas vezes eu penso, quantas pessoas estão lendo isso? Será que a minha modesta contribuição está sendo benéfica? Para mim não é necessariamente fácil manter esse espaço, escrever, pensar como fazer ele visível. Mas quando eu penso nessas questões eu resignifico o meu próprio fazer. 

E no próximo sábado, dia 12 de junho vai acontecer o próximo Zencontros, com a Onryu Mary Stares. Nós vamos falar desse treinamento já que ela pratica com os slogans há mais de 20 anos e liderou o período de prática no SFZC. Entre no link abaixo para se inscrever, evento vai ser em inglês e quando eu subir no Youtube vou colocar legendas em português. Se você tiver questões que você gostaria de ver respondidas, escreva nos comentários!

Clique na imagem para se inscrever

Modelo vivo é Zen? • Is figure drawing zen?

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Será que alguém posando nú para outras pessoas desenharem tem a ver com o zen? Ela parecem práticas antagônicas, os monges não devem mostrar nada do corpo com seus os trages austeros. Mas eu vejo muitos pontos de convergência.

Se você nunca foi numa sessão de modelo vivo, o que acontece é uma ou mais pessoas posando, tradicionalmente nua e outras pessoas desenhando. Os estilos de encontro podem ir dos mais tradicionais clássicos até mais inovadores, misturando performance, modelos de gênero não binário, poses com movimento e o que mais a criatividade permitir. As poses têm tempos variados, variando desde um minuto até períodos mais longos, no geral, 20 ou 30 minutos.

O primeiro ponto em comum entre o zen e modelo vivo é a plena atenção. Se você está desenhando um modelo na sua frente com um tempo limitado para isso, não dá para ficar “viajando”, é estar presente ou a pose acaba. E para quem posa, tem que se concentrar para não mexer, estar presente no seu próprio corpo. Essa semana participei de uma sessão com o modelo @desejonas que falou disso, que quando ele está na pose ele entra num estado meditativo, totalmente focado na sua postura.

É nesse momento presente, que observador e observado se encontram e nasce o desenho. E de quem é a autoria dele? No zen se fala do vazio das três rodas, quem doa, quem recebe e o que é ofertado são vazios, um não existe sem o outro, é esse co-surgir interdependente.

Outro aspecto em comum é ter um grupo que pratica junto, no budismo se diz Sanga. Desenhar junto mesmo que através da telinha do computador traz uma conexão entre quem participa. E fazer o que foi proposto junto, faz a distância ser superada e traz um calorzinho da conexão humana.

Eu já ia em alguns grupos esporadicamente antes da pandemia, mas desde o ano passado eu comecei a fazer parte do @nudesenhos, participei de uma sessão com o grupo argentino @la.jam.tematica e esse ano conheci e me encantei com a proposta do @riscoexperimental, que fizeram um festival em março com sessões e oficinas incríveis e no mês passado participei de uma sessão muito sensível com o coletivo @nuamodelovivo. Vale a pena olhar todos no instagram e pra quem se animar se juntar em alguma sessão aberta!

Modelos desenhados: Amanda Malaguti (imagens 5 e 7), Bruna Sassi (1), Érika Domingues (8), Jonas Araújo (2 e 3), Marcela Corrêa Muller (4) e Thango (6)

Zencontros • Zencounters

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Eu te encontro, você me encontra, a gente se zencontra!
Zencontro, um encontro zen, para falar do zen e além do zen.

São conversas que vão acontecer periodicamente no Zoom, com um convidado e as pessoas poderão assistir e participar. Vamos falar tanto da prática formal do zen, da vida nos mosteiros como também sobre a prática no nosso dia-a-dia e a relação entre entre o zen e outras áreas que tenham afinidade. 

Essa semana aconteceu o primeiro Zencontros, com o amigo José Bueno, aikidoca há 36 anos, arquiteto social, aquarelista e meu colega de Nudesenhos, coletivo de desenho de modelo vivo. 

Bueno falou sobre o seu encantamento ao conhecer o Aikido, que é uma prática de cultivar a harmonia. Sobre como ser mais flexível, aprender a cair e não ver o outro como inimigo. Nós conversamos sobre observação, ver a realidade assim como ela é e como a criatividade vem dessa mente aberta que vê e se deixa afetar pelo mundo. 

Foi um encontro muito bom, nesse momento de tantas coisas acontecendo ao mesmo tem e agora, foi uma pausa, um estar presente e junto.

Aguardem o próximo!

Eu desenho, tu desenhas. Eu desenhada pelo Bueno, ele desenhado por mim, parte dos nossos encontros Nudesenhos.

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