No sábado nos encontramos para meditar e desenhar, desde o frio de Curitiba ao calor de Belém passando por vários bairros paulistanos. Essa possibilidade que a pandemia nos trouxe de nos conectarmos de vários lugares.
Alternando períodos de Zazen com desenhos, cada um pode experimentar o corpo e o olhar, a conexão da mão com o caminho do olhar. Foram alguns exercícios do lado direito cérebro, como desenhar de ponta cabeça e o desenho cego, quando não se olha para o desenho, ue permitiram ir além do “gosto” ou “não gosto”. E também, como que a gente lida com o erro, como que a gente segue em frente. Vale para o desenho, vale para a vida. Como que a gente deixa o ideal de perfeição e aproveita o que temos?
Aqui desenhos e depoimentos dos que participaram:
“Gosto de como ficaram as linhas e detalhes, mas o mais interessante de tudo foi o processo, o prazer de desenhar, sentir, observar e trocar percepções. Dá uma chacoalhada interna quando mudamos a atenção ao desenhar e alternando com o zazen sinto que acessei uma outra camada onde os sentidos acontecem simultaneos mas tem seu espaço de existência, foco. Desenhar é sobre observar e pensar, mas também é sobre sentir com o corpo todo.” Marcela Müller
“Hoje teve ZAZENHOS. Um encontro online conduzido com leveza por @entre_zen. Um pouco de zazen e um pouco de desenhos para praticar a quietude e o ato de olhar, olhar mais um pouco e rabiscar sem vergonha. Valeu demais!” José Bueno
Anotações da nossa conversa feita pelo André Genzo
Será que alguém posando nú para outras pessoas desenharem tem a ver com o zen? Ela parecem práticas antagônicas, os monges não devem mostrar nada do corpo com seus os trages austeros. Mas eu vejo muitos pontos de convergência.
Se você nunca foi numa sessão de modelo vivo, o que acontece é uma ou mais pessoas posando, tradicionalmente nua e outras pessoas desenhando. Os estilos de encontro podem ir dos mais tradicionais clássicos até mais inovadores, misturando performance, modelos de gênero não binário, poses com movimento e o que mais a criatividade permitir. As poses têm tempos variados, variando desde um minuto até períodos mais longos, no geral, 20 ou 30 minutos.
O primeiro ponto em comum entre o zen e modelo vivo é a plena atenção. Se você está desenhando um modelo na sua frente com um tempo limitado para isso, não dá para ficar “viajando”, é estar presente ou a pose acaba. E para quem posa, tem que se concentrar para não mexer, estar presente no seu próprio corpo. Essa semana participei de uma sessão com o modelo @desejonas que falou disso, que quando ele está na pose ele entra num estado meditativo, totalmente focado na sua postura.
É nesse momento presente, que observador e observado se encontram e nasce o desenho. E de quem é a autoria dele? No zen se fala do vazio das três rodas, quem doa, quem recebe e o que é ofertado são vazios, um não existe sem o outro, é esse co-surgir interdependente.
Outro aspecto em comum é ter um grupo que pratica junto, no budismo se diz Sanga. Desenhar junto mesmo que através da telinha do computador traz uma conexão entre quem participa. E fazer o que foi proposto junto, faz a distância ser superada e traz um calorzinho da conexão humana.
Eu já ia em alguns grupos esporadicamente antes da pandemia, mas desde o ano passado eu comecei a fazer parte do @nudesenhos, participei de uma sessão com o grupo argentino @la.jam.tematica e esse ano conheci e me encantei com a proposta do @riscoexperimental, que fizeram um festival em março com sessões e oficinas incríveis e no mês passado participei de uma sessão muito sensível com o coletivo @nuamodelovivo. Vale a pena olhar todos no instagram e pra quem se animar se juntar em alguma sessão aberta!
Modelos desenhados: Amanda Malaguti (imagens 5 e 7), Bruna Sassi (1), Érika Domingues (8), Jonas Araújo (2 e 3), Marcela Corrêa Muller (4) e Thango (6)
The day we learned we would no longer practice Zazen in the Zendo, instead, we would each practice in our rooms using zoom, the tears came. My heart broke a little that day. Practicing Zazen in the beautiful Zendo here was central to my decision to come. I love the morning Noble Silence as residents enter the Zendo and find each one’s seat. I love walking to the Buddha Hall for service and the forms of entering and leaving the tatami. Suddenly, it all changed and I grieved that change deeply. I suddenly understood in a new way, how very precious these things are to me.
Several weeks later, I began doing service in my room. It is not the same. It has however, begun to take on its own beauty, a beauty different from the beauty of service in the Buddha Hall with the community. It is not a replacement but it is a way of sustaining one’s practice through the pandemic Practice Period, a practice period with no defined ending. It is a different perspective.
During our first month of pandemic practice, I began to photograph shadows Photographing shadows has been a portal to a whole new world of seeing, a different perspective.
One might wake up, see the sun shining, and think, “oh, what a pretty day”. Recently when I wake up and see the sun shining, I think, “oh, a good day for shadows”.
Shadows change constantly. One moment it is there, the next it may not be, or it may have moved, or changed intensity and form, as the source of light changes. In my search for shadows to photograph, I see differently. I notice things I never might have seen while walking the same street or living in the same building.
I am intrigued, like a good Buddhist student, by form and emptiness. Shadows seem to be form but they are not. They are light that has been blocked by form. When the light goes away, they cease to exist. They are empty. They move in the wind. They change depending on the surface behind them.
Experientially, photographing – and therefore noticing and thinking about shadows – opens me to change with a lighter spirit. Sheltering in place is not an easy time. It is uncertain. It can feel isolating to live in a community while keeping social distance. Eating in silence during meals in the dining room and wearing masks all the time is hard. Practicing together through zoom helps ease the isolation and continues to be strange. Emotions of grief, sadness, resistance and fear can surface unexpectedly along with moments of laughter and delight in something someone does or says.
As so many of our teachers have articulated in so many different ways, this is the practice. I can think of no better place to be during this pandemic than the San Francisco Zen Center.
About the Author: Brenda Proudfoot joined the City Center residential community in December 2019 as a Work Practice Apprentice. Prior to coming to San Francisco Zen Center, she spent three years as a resident and retreat manager at Tara Mandala, a Tibetan center in Colorado. Brenda was the founder and owner of Valley Yoga, a yoga studio in central California, for sixteen years. During that time, her way-seeking mind set her on the Buddhist path. She has had a daily meditation practice for twenty years.