
Quando a nossa vida está baseada em respeito e completa confiança, ela está completamente em paz. O nosso relacionamento com a natureza deve também ser assim. Nós devemos respeitar tudo , e nós podemos praticar respeitar as coisas na maneira que nós nos relacionamos com elas. Suzuki Roshi
A maneira que nós nos relacionamos com o nosso espaço e os nossos objetos é na verdade a nossa prática do Zazen fora do zafu (almofada).
A quarentena me pegou em Pirenópolis, eu vim passar 3 semanas e já estou aqui há mais de 5 meses, aluguei um loft num condomínio e esse espaço se tornou um pequeno templo.
Participei de um Mugon sesshin com a Sala Therigatha, um dia de se sentar e de completo silêncio, sem palestra do Darma ou leitura de sutras. A casa virou um zendo. Os sinos vindos através do computador indicaram a hora de sentar, de caminhar e de comer.
Quando a gente tira um dia assim para fazer zazen junto com a Sanga, uma mágica acontece. Ao pararmos, percebemos e ouvimos tanto a nossa casa que é o nosso corpo quanto a nossa casa, onde moramos, elas começam a falar com a gente. A fala pode ser uma dor no pescoço ou no joelho, ou os pensamentos , que vem e vão. E a casa que se mostra com luminosidade e detalhes que no geral não vemos. Foi como se as paredes falassem. Talvez essa mágica aconteça todos os dias, mas nós, na nossa correria do dia a dia não ouvimos.
A minha amiga Maria Elena Martinez, estudiosa dos povos originários do México me falou que na língua Maia Tsotsil não existe objeto, é só sujeito. As coisas não são “coisas”, elas tem alma (ch’ulel). E quando a gente silencia, a gente sente essa alma.
E você, como tem ouvido a alma da sua casa? Escreva, desenhe ou fotografe e coloque aqui nos comentários!